sexta-feira, 6 de março de 2009

Cateterismo Cardíaco

Este exame consiste em introduzir um pequeno cateter (tubo) numa artéria ou numa veia, geralmente do braço ou da perna, e fazê-lo chegar às cavidades cardíacas através dos vasos principais. É utilizado, não só para diagnóstico, mas também para tratamento e é necessário o recurso a anestesia local. Quando se pretende chegar ao lado esquerdo do coração introduz-se numa artéria, quando se pretende chegar ao lado direito introduz-se numa veia. Os cateteres são muito utilizados na avaliação do estado do coração, pois podem inseridos sem recurso a cirurgia. O cateter utilizado costuma possuir na extremidade um instrumento de medição que permite observar o interior dos vasos sanguíneos, dilatar válvulas do coração, desobstruir artérias, recolher sangue para avaliar os níveis de oxigénio, realizar biopsias ao músculo cardíaco, avaliar a capacidade do coração bombear sangue (através da análise do movimento do ventrículo esquerdo) e a eficiência com que o faz, estudar lesões do coração desenvolvidas por perturbações e ainda permite medir pressões. Com o cateter também se pode introduzir contraste para que se desenhem os vasos sanguíneos e as cavidades cardíacas numa radioscopia. O risco de o paciente sofrer uma grave complicação, como um enfarte, um acidente vascular cerebral ou a morte, é de 1 em cada 1000.

Tomografia por emissão de positrões (TEC ou estudo PEC)


Este exame é um pouco mais complexo, pois é necessário marcar nutrientes necessários ao funcionamento cardíaco com uma substância que emite partículas radioactivas, os positrões. Depois este “aglomerado” nutriente+substância é introduzido por via endovenosa no paciente. Rapidamente o marcador chega à área do coração que interessa examinar e com um detector explora-se a zona, registando-se os pontos com maior actividade radioactiva, ao mesmo tempo um computador vai produzindo uma imagem tridimensional que mostra as diferenças de actividade nas diferentes regiões do músculo cardíaco. As imagens obtidas são muito mais nítidas do que nos outros exames, mas como este exame é muito caro e de difícil execução, actualmente só é utilizado no campo da investigação ou quando os outros exames não são conclusivos. Este exame também não apresenta grandes riscos de morte ou outras complicações, pois a radiação utilizada é muito baixa, bastando ao paciente que esteja bem hidratado e que beba muita água para a expulsão dos positrões do organismo. Mulheres grávidas ou que estejam a amamentar não devem realizar este exame.

Estudos com isótopos radioactivos (cintigrafia)


Este exame consiste em fazer o paciente receber uma injecção endovenosa de quantidades ínfimas de substâncias marcadas, ligadas a isótopos radioactivos (indicadores ou traçadores). Os indicadores distribuem-se rapidamente por todo o corpo, incluindo o coração, e detectam-se com uma câmara gama. Cada indicador tem afinidade com um órgão ou tecido específico do organismo. De seguida, recolhe-se, num ecrã, uma imagem que é guardada num computador para análise posterior. Este é um exame longo, que demora em média 5 horas, tempo necessário para os isótopos se espalharem pelo corpo. Normalmente, após a injecção, realiza-se uma prova de esforço para avaliar a resistência do paciente e também para se obter uma imagem das zonas do coração com menor fornecimento de sangue e que apresentam uma imagem mais fraca, pois a radioactividade é menor. Caso o médico opte pela não realização da prova de esforço o paciente pode-se ausentar do local do exame e regressar mais tarde. Depois o paciente é colocado dentro de uma câmara gama, em várias posições, de acordo com as instruções médicas, e são produzidas as imagens que os médicos analisarão. Este exame ajuda a identificar a causa desconhecida de uma dor torácica, a determinar se um estreitamento de uma artéria afecta a quantidade de sangue transportado, a verificar se aumenta o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco após uma operação bypass ou outras semelhantes e a determinar o prognóstico depois de um ataque cardíaco. Este exame não apresenta grandes riscos de morte ou outras complicações, pois a radiação utilizada é muito baixa, bastando ao paciente que esteja bem hidratado e que beba muita água para a expulsão dos isótopos do organismo. Mulheres grávidas ou que estejam a amamentar não devem realizar este exame.

Ressonância Magnética (RM)


Este exame utiliza um campo magnético muito forte para obter imagens pormenorizadas do coração e do tórax. É uma técnica muito sofisticada mas extremamente dispendiosa, estando ainda numa fase experimental para o diagnóstico de doenças cardiovasculares. Consiste em colocar a pessoa dentro de um grande electroíman que causa a vibração dos átomos do seu organismo. Essa vibração emite sinais característicos que são convertidos, por um computador, em imagens bidimensionais e tridimensionais. Raramente é necessário a utilização de contraste, mas o médico pode optar por adicionar contraste paramagnético para identificar pequenas irrigações no músculo cardíaco. As desvantagens da escolha deste exame são o facto de a imagem demorar mais tempo para ficar pronta do que uma imagem de uma TAC, as imagens são menos nítidas visto que o coração está em movimento durante o exame e ainda, algumas pessoas podem sentir claustrofobia ao entrarem dentro de uma máquina gigantesca

Ecocardiograma


É dos exames mais utilizados, pois não é invasivo, não utiliza raios X, proporciona imagens de alta qualidade, é inofensivo, indolor, pouco dispendioso e é amplamente executável. Consiste na utilização de ondas ultra-sonoras de alta frequência, emitidas por uma sonda de gravação (transdutor). Essas ondas ao chocarem com o coração e com os vasos sanguíneos são reflectidas, produzindo uma imagem móvel que aparece num ecrã de vídeo e que se pode imprimir ou gravar numa fita (Fig. 21). Ao longo de todo o exame muda-se a posição da sonda várias vezes de forma a obter imagens de vários ângulos e uma imagem final mais pormenorizada da estrutura e funções cardíacas. Para maior precisão pode-se introduzir o transdutor no esófago (ecocardiograma transesófago). O ecocardiograma detecta anomalias no movimento das cavidades cardíacas, no volume de sangue em cada batimento, a espessura e doenças do pericárdio e a presença de líquidos entre o pericárdio e o músculo cardíaco. Existem três tipos de ecocardiogramas: o modo M (dirige-se um feixe simples para uma zona específica do coração), o modo bidimensional (é a técnica mais utilizada e produz imagens tridimensionais reais geradas em computador), e a técnica Doppler e Doppler (detecta o movimento e turbulência do sangue e cria imagens a cores).

Estudo radiológico


Este exame é utilizado quando se suspeita que existem problemas cardíacos. Consiste em tirar radiografias ao coração, de frente e de perfil. Estas radiografias revelam o tamanho e a forma do coração, marcam os contornos dos vasos sanguíneos nos pulmões e no tórax e mostram facilmente anomalias (Fig. 18) no tamanho e forma dos vasos, depósito de cálcio no seio do tecido cardíaco, entre outras anomalias. Revelam também o estado dos pulmões e a presença de líquido no interior. Quanto ao tamanho do coração, o aumento pode dever-se a uma insuficiência cardíaca ou a uma válvula anormal, mas também pode acontecer que o coração não aumente de tamanho e estar-se perante uma doença cardíaca grave, como por exemplo quando o coração está envolvido com tecido cicatricial não aumenta de tamanho. Por isso, o aspecto dos vasos sanguíneos pulmonares é mais importante para o diagnóstico do que o tamanho do coração, pois a dilatação das artérias pulmonares perto do coração podem indicar, por exemplo, um aumento de volume de um ventrículo direito, entre outras coisas.

Tomografia axial computadorizada (TAC)
















Este exame raramente é utilizado para diagnósticar doenças cardíacas, embora seja possível através dele identificar anomalias estruturais do coração, do pericárdio, dos vasos sanguíneos principais, dos pulmões e das estruturas de suporte dentro do tórax, através de imagens transversais de todo o tórax, utilizando raios X, que são criados por um computador (Fig. 19). Estas imagens mostram a localização exacta das anomalias e, com as novas tecnologias, é possível criar uma imagem tridimensional em movimento, do coração, permitindo identificar as anomalias estruturais e de movimento.

Electrocardiograma (ECG)


É um exame rápido, simples e indolor, no qual se amplificam os impulsos eléctricos do coração e se registam num papel em movimento. Permite identificar o início de cada batimento, as vias nervosas de condução e a velocidade (frequência) dos estímulos e os ritmos cardíacos. Para a realização deste exame colocam-se nas pernas, braços e tórax eléctrodos que são pequenos contactos metálicos ligados a uma máquina que regista um traçado específico para cada eléctrodo. Esses eléctrodos medem a intensidade e a direcção das correntes eléctricas do coração durante cada batimento e cada traçado representa o registo da actividade eléctrica de uma parte do coração (Fig. 14). Aos diferentes traçados chama-se derivações. Este exame realiza-se quando se suspeita de uma perturbação cardíaca, pois permite identificar ritmos anormais, chegada insuficiente de sangue e oxigénio ao coração, um excessivo espessamento do músculo cardíaco (consequência da hipertensão arterial). Evidencia também se o músculo cardíaco é fino ou inexistente por ter sido substituído por tecido não muscular (resultado de uma enfarte do miocárdio).

Prova de esforço (provas de resistência ao exercício)


Com este exame é possível saber mais sobre a existência ou gravidade de uma doença da artéria coronária e de outras perturbações cardíacas. Quase sempre é realizada em simultâneo com um ECG e demonstra problemas que em repouso não se manifestariam, como por exemplo quando as artérias estão parcialmente obstruídas o coração fornece sangue suficiente em repouso, mas não durante uma actividade física. Este exame consiste em pedalar numa bicicleta ou caminhar sobre um tapete rolante a um determinado ritmo que aumenta gradualmente (Fig. 15). O exame é contínuo até a frequência cardíaca alcançar 80% a 90% do valor máximo possível de acordo com a idade e com o sexo. Se for provocado um mal-estar (dor torácica) ou aparecerem anomalias do ECG ou nas medições periódicas da pressão arterial a prova é de imediato interrompida. Quando não se pode realizar este exame realiza-se um electrocardiograma de stress que proporciona informação semelhante mas sem esforço físico, administrando-se fármacos que diminuem o fornecimento de sangue às zonas lesionadas. Como nenhum exame é perfeito, também este pode conter erros, pois por vezes detectam-se anomalias no ECG em pessoas que não sofrem de doença coronária (falso positivo) e noutras vezes não se detectam as anomalias (falso negativo). O risco de muitos falsos positivos (que acarreta incómodos e gastos) leva muitos especialistas a recusarem a realização deste exames em pessoas aparentemente saudáveis. Neste exame o risco de provocar um enfarte ou a morte é de 1 em 5000.